sábado, 22 de junho de 2019

Síria: Um conflito Internacional transformado em “guerra civil ”

O presidente da Comissão Independente de Investigação da ONU, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro apresentou perante o Conselho de Direitos Humanos o seu relatório sobre as violações dos direitos humanos cometidas no país nos últimos 18 meses.

"A comissão confirmou a presença crescente de elementos estrangeiros, incluindo militantes jihadistas, na Síria. Alguns se unem às forças anti -governamentais enquanto outros estabelecem seus próprios grupos para atuar de forma independente",

A comissão pôde comprovar que a presença "destes elementos está levando os combatentes anti - governamentais a assumir posições muito mais radicais", concluiu a pesquisa, que também alerta sobre o "aumento dramático" das tensões sectárias.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (ICRC) é o guardião das Convenções de Genebra, que estabelece as regras de guerra e, como tal, é considerado a referência na qualificação quando a violência evolui para um conflito armado.

A agência baseada na Suíça, ao concluir que a disputa chega ao limiar de um conflito armado interno deve informar às partes envolvidas no conflito sobre a sua análise e das suas obrigações legais.

"Há um conflito armado não-internacional na Síria.”

Inconsistência do Relatório

Chama a atenção quando lemos trechos publicados do relatório, que o conflito na Síria é classificado de “conflito armado não internacional”, o que significa “ guerra civil”.
Como o conflito é não – internacional e foi constatada a presença de combatentes jihadistas, salafistas e estrangeiros na Síria, conforme consta no Relatório ?

Intencionalidade

Ao afirmarem os organismos internacionais ( CDH ONU e ICRC) legitimados e autorizados a atuar na Síria de que :

"Há um conflito armado não-internacional na Síria.”

A classificação significa que as pessoas que ordenam ou executam ataques contra civis, incluindo assassinato, tortura e estupro, ou usam força desproporcional contra áreas civis podem ser acusadas de crimes de guerra em violação à lei humanitária internacional.

Eles estão intencionalmente criminalizando os envolvidos no conflito dentro da Síria e negando o crime dos países da OTAN, EUA e CCG além da Turquia que descaradamente apóiam o ELS e colocaram toda a sua logística a serviço dos combatentes.

Vamos ver do que eles não falam:

Conforme a imprensa européia o conflito é internacional

O jornal Britânico Sunday Times e o alemão Bild am Sonntag e a rádio francesa Bfmtv- Rme ( 2 /9/ 2012) revelaram que os governos da Grã Bretanha, da Alemanha e da França, autorizaram a intervenção de seus serviços especiais para sustentar os rebeldes do ELS, formado por mercenários (estrangeiros), opositores e desertores sírios pagos pelo Qatar e comandados por oficiais da Arábia Saudita, monitorados por agentes da CIA”

Os “007 de Londres” assim chamados no Sunday Times, trabalham para organizar os bandos armados que são trazidos da Líbia, e junto com astropas especiais do SAS e os agentes especiais M15 que monitoram os ataques das tropas do ELS no enfrentamento contra unidades do exército regula sírio...”

Invasão Síria por procuração

A invasão da Síria por procuração se processa da seguinte forma, isto relatado por um dos “007 de Londres”: “...diz ter dirigido e participado em uma emboscada nos arredores de Alepo contra 40 blindados do exército regular sírio...

Estamos falando de monitorar brigadas mecanizadas de 500 a 1000 homens, armados de canhões anti- tanques, foguetes RPG-7 e metralhadoras pesadas de 50mm. Armas que saem das bases britânicas, francesas, italianas e alemães da OTAN e chegam a Bengasi na Líbia, para depois ser transportadas até a base turca da OTAN, em Adana, onde os rebeldes do ELS mantém seu comando geral.

O jornal alemão Bild AM Sonntag, confirmou o que o governo Sírio já havia denunciado:”...um navio- espião alemão, do BND ( Bundesnachrichtendienst), equipado com várias centrais para espionar telecomunicações sírias, continua navegando nas águas territoriais da Síria. A função deste navio espião é de gravar todas as mensagens e as comunicações militares e dos membros do governo e do Estado Maior e também descobrir com o scanner satélite as movimentação das tropas sírias até um raio de 600 quilômetros da costa.”

As informações e vídeos são depois, despachadas para o comando operativo regional da CIA e do M125 britânico que, após ter executado uma leitura estratégica transmitem ao Comando Militar turco as orientações que devem ser repassadas aos comandantes do ELS....”

Para a vergonha da Comunidade Internacional, e verdade revelada pela imprensa européia em três países da OTAN, sobre a Síria, contradiz tudo o que foi divulgado pela imprensa-empresa há 18 meses.

Não é o veto de China e Rússia no Conselho de Segurança da ONU que dificultam o dialogo e a busca de uma solução civilizada para o conflito na Síria, mas sim: a ingerência descarada da OTAN, EUA e CCG (Conselho de Cooperação do Golfo) que desde o início arquitetam a derrubada do governo Sírio apoiando criminosamente o ELS e infiltrando na Síria grupos salafistas (extremistas da Irmandade Muçulmana) e instigando os desertores mediante somas pagas pelo Qatar (10 000 dólares mês pagos ao simples soldado e até 100 000 para coronéis e generais).

Infelizmente o Relatório da Comissão Independente dos Direitos Humanos, não cita esta violação dos Direitos Humanos. Considerando que são os mesmos “atores”, que financiam as atividades da Comissão e que indicam seus informantes (sempre da oposição) e, que até hoje esta comissão não esteve na Síria, podemos concluir que o seu relatório,já nasceu tendencioso. Foram os mesmos “atores democráticos” que não permitiram que o Relatório do General Mood sobre o massacre de Hula pudesse ser lido no Conselho de Segurança da ONU em 26 de maio de 2012.

Direitos humanos: negócio lucrativo

O brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro entregará a ONU uma lista confidencial de nomes de indivíduos e de unidades militares que teriam cometido crimes contra a humanidade na Síria. Um amplo banco de dados ...base para um eventual processo no Tribunal Penal Internacional.
 
O governo americano e os seus aliados do CCG, já indicaram que irão propor uma ampliação e fortalecimento do mandato de Pinheiro para continuar a investigar os crimes cometidos na Síria. 
 
“A crise não acabou e o que o comitê de inquérito fez foi fundamental para reunir dados sobre crimes”, explicou a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Eileen Donahoe. “Queremos renovar o mandato da investigação e dar apoio financeiro para que possam fazer seu trabalho”, indicou a diplomata.

Washington não nega que o trabalho de Pinheiro tem ajudado o país.

São Paulo, 23 de setembro de 2012

Claude Fahd Hajjar



Síria: A comunidade internacional e o direito à “desinformação”

No dia 29 de agosto, o presidente sírio, Bashar Al-Assad , em rara entrevista televisiva, falou do desafio que a Síria vem enfrentando, do sofrimento que o seu povo vem passando e da imensa trama internacional mirando a derrubada de seu governo. A grave consequência desta entrevista que Al Assad concedeu a TV privada al Dunya , resultou na interrupção da retransmissão dos satélites Arabsat e Nilesat. E as estações de TV A Dunya e TVal Ekhbarya síria foram tiradas do ar!

Por Claude Fahd Hajjar*

A decisão foi tomada pelos ministros da “desinformação” da Liga dos Estados Árabes ,
e cumprida nos dias posteriores à entrevista.

A imprensa - empresa internacional, as agências de notícias, como a CNN, France Press, Reuters, BBC, e outros noticiaram o fato como uma vitória da oposição síria no exílio que não tem legitimidade nem respaldo algum dentro da Síria.

Por que a comunidade internacional não quer ouvir os 22 milhões de sírios?

Os embaixadores sírios acreditados na União Europeia foram convidados a se retirar depois do massacre de Houla, incidindo assim estes países, na violação de leis internacionais, de acusar e condenar antes de investigar. O objetivo da comunidade internacional ou quem a manipula é impedir que os diplomatas sírios possam ser ouvidos pela comunidade diplomática europeia, e fazer com que a imprensa não tenha acesso a seus depoimentos.

A comunidade internacional não está preocupada com os 22 milhões de sírios. Não querem saber se são felizes sob o mandato do presidente Bashar Al-Assad, nem se estão sendo expulsos de suas casas (como aconteceu em Homs e Alepo) . Os assassinos e mercenários que integram o Exército Livre Sírio, treinados na Turquia e financiados pelo Qatar e Arábia Saudita, pagavam mil dólares por família, para sair da fronteira turca, com a promessa de salário mensal e retorno assim que quisessem voltar.

O que realmente está acontecendo com estes refugiados:

Hoje são impedidos de retornar, suas mulheres e filhas foram violadas e seviciadas, e estão entre serem fiéis a quem os induziu ao refúgio, e assim obedecerem e concordarem com condições não humanas nos acampamentos; ( apesar de a Acnur pagar a peso de ouro para o governo turco manter estes acampamentos) ou estarem sujeitos a serem assassinados pelos mercenários a serviço da oposição síria, se tiverem coragem para fugir e retornar às áreas libertadas.

A comunidade internacional não quer saber dos estupros e violações do chamado Exercito Livre da Síria dentro dos acampamentos de refugiados na Turquia e na Jordânia.

Meninas de 13 e 14 anos são estupradas e depois os sheiks abençoam a união mediante pagamento de propina para a família.

As famílias cristãs que viviam dentro de Homs tiveram que fugir após o estupro seguido de esquartejamento de meninas e mulheres, numa atitude de selvagem intimidação: fugiram para o interior da Síria, não foram se tornar refugiados. Após meses de lutas, o exército sírio libertou algumas vilas de população cristã e os seus habitantes puderam retomar com a ajuda do governo.

O corajoso povo sírio manda assim um recado para os mercenários a serviço da Turquia, Qatar e Arábia Saudita: a Síria pertence aos sírios, sejam cristãos, muçulmanos ou judeus.

Infelizmente, a Síria e os seus descendentes que ajudaram a construir o Brasil não estão sendo ouvidos nem pelo governo brasileiro nem pela imprensa brasileira.

Peço à presidenta Dilma Rousseff que se solidarize com os 22 milhões de sírios, que vêm demonstrando que povo e regime da Síria estão aliados na luta contra os mercenários infiltrados e pagos por países que desejam destruir a soberania nacional da Síria, assim como fez a força do Império, com Honduras e com o Paraguai.

Hoje os Brics representam metade da população mundial, sem os vícios e desperdícios do mundo alinhado do pós-guerra; representam também grande parte das reservas de hidrocarburantes do mundo. Além de representar mais da metade do mundo produtivo da atualidade.

Somos brasileiros de origem síria, apoiamos o governo de Dilma Rousseff, o Brasil e a sua política corajosa de ocupar o lugar que lhe pertence no cenário mundial. Contamos com o governo e o povo brasileiro.

*Autora de “Imigração Árabe, cem anos de reflexão”; vice-presidente da Fearab-América
Fonte: IAnotícia

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Síria: A verdade sobre o conflito na Síria e a manipulação da mídia da mídia

 A verdade sobre o conflito na Síria e a manipulação da mídia da mídia
23.8.12
A imprensa no ocidente é teleguiada pela leitura equivocada dos Estados Unidos e OTAN,e desde o início do conflito, usou a comunicação para desinformar e para doutrinar o cidadão brasileiro, apoiando e retransmitindo apenas a opinião dos rebeldes, diz Claude Fahd Hajjar.
Para a vice-presidente da Fearab América, pesquisadora de temas árabes e autora do  livro Imigração Árabe 100 anos de Reflexão, a imprensa brasileira subestima a inteligência do telespectador e oferece o Fast Food pronto que as agencias de notícia transmitem. Foi e tem sido parcial e irresponsável ao veicular informações falsas para referendar seus tem sido parcial e irresponsável ao veicular informações falsas para referendar seus conceitos.
Em um artigo especial para o IAnotícia, Claude Fahd Hajjar mostra o que de fato acontecendo na Síria.
 A maioria dos sírios deseja a manutenção da ordem e da paz na Síria e acredita que apenas o Presidente Bashar al-Assad pode manter esta ordem e fortalecer as instituições do país.
A Síria que eu conheço e que visito e convivo há mais de 35 anos tem uma população com um alto grau de politização e conhece muito bem as dificuldades e os estigmas que vivem tanto o povo, quanto o governo da Síria. Por convicção, defendem o princípio da soberania nacional, da autodeterminação e da não ingerência estrangeira.
O cidadão sírio tem consciência e crítica a corrupção e morosidade da atual máquina O cidadão sírio tem consciência e crítica da corrupção e da morosidade da atual máquina burocrática deste governo da Síria; deseja reformas, deseja o combate à corrupção.


INÍCIO
31/03/11      A verdade sobre o conflito na Síria e a manipulação da mídia

 A vocação de hospitalidade somada à rica e milenar história da Síria despertou o setor de turismo nos últimos anos. O investimento em estradas, em hotelaria e em serviços, vinha turismo nos últimos anos. O investimento em estradas, em hotelaria e em serviços, vinha fomentando o turismo do mundo inteiro para a Síria. fomentando o turismo do mundo inteiro para a Síria.
É um país distribuidor de bens e serviços para todo o mundo árabe seja da Península É um país distribuidor de bens e serviços para todo o mundo árabe seja da Península Arábica, seja do Norte da África. Arábica, seja do Norte da África.
Não é uma sociedade perfeita. Transitou do socialismo ao quase capitalismo em menos de 12 anos. A Síria dos últimos 42 anos saiu da miséria e do feudalismo para um socialismo e uma  prosperidade cada vez mais visível em cada um de seus cidadãos.  O país mais laico do Oriente Médio teve na educação a base do seu desenvolvimento.
Foi este governo, no período do pai Hafez Assad que conseguiu implantar a reforma agrária (anos setenta) e os sírios sunitas, grandes proprietários de terras e pertencentes ás famílias  ás famílias tradicionais, imigraram para a Europa e EUA. Alguns dos filhos destes sírios sonham em retornar… Mas apenas para promover a deposição do regime e ocupar o poder.
A Síria hoje tem uma população de 22 milhões de habitantes; a maioria de 70% é de  muçulmanos sunitas; e os demais são 13% alauítas; 12% de cristãos; e 5% de drusos, muçulmanos sunitas; e os demais , turcomanos e outros.
 Os grupos rebeldes que foram cooptados pelo eixo EUA, Israel, OTAN e CCG, não representavam nem 1% da população síria, no início das manifestações. Mas com o acirramento dos enfrentamentos, e com o dinheiro rolando solto e com as armas sendo distribuídas em abundância, e recebendo aplausos da comunidade internacional, sentiram  que deveriam lutar até depor o inimigo: o governo do Presidente Bashar al-Assad...
Uma luta cuja motivação é de natureza econômica e política, foi sendo construída e acirrada nas camadas de baixa renda e transformada em conflito sectário.
A mídia-empresa ocidental funciona como papagaios da retransmissão das agências de notícias ocidentais. Estou com saudade de nossos analistas políticos, de nossos correspondentes e do verdadeiro jornalismo.
A imprensa no ocidente é teleguiada pela leitura equivocada dos EUA e OTAN, e desde o início do conflito, usou a comunicação para desinformar e para doutrinar o cidadão brasileiro, , apoiando e retransmitindo apenas a opinião dos rebeldes.
Esta imprensa, subestima a inteligência do telespectador e oferece o Fast Food pronto que as agências de notícia transmitem. Foi e tem sido parcial e irresponsável ao veicular informações falsas para referendar seus conceitos.
O que observamos na imprensa do ocidente é sempre um jornalismo dirigido e copiado das agencias de notícia como a agencias de notícia como a BBC, France Press e Reuters , todos copiando a Al Jazeera  (Qatar) e retransmitindo apenas as notícias do Conselho Nacional Sírio, Exercito Livre Sírio e do Observatório Sírio dos Direitos Humanos  (um cidadão sírio em Londres, posicionado na sua lojinha com um computador e retransmitindo todas as mentiras e barbaridades que a TV Al Jazeera lhe pedia.
 Temos relatos das montagens de cenas, blefes, cenas do Iraque como sendo Síria, helicóptero do Afeganistão como sendo Sírio incluindo na montagem os sons dos ataques.
  Durante os ataques em Homs a TV Síria  retransmitia vídeos amadores que captavam os bastidores das gravações que eram encomendadas pela Al Jazeera .
A estratégia da imprensa foi focar na Primavera Árabe da Praça Tahrir , este movimento popular emocionou e contagiou os jovens no mundo todo e em especial nos países árabes;  e como rastilho de pólvora seguiu para a Líbia.
Foi a experiência da Líbia, que mostrou ao mundo que estas guerras não eram por "democracia" : quando foi votada a moção no Conselho de Segurança ONU que autorizou a criação de uma zona tampão na Líbia, com a alegação de “responsabilidade de proteger” que permitiu a entrada da máquina de matar da OTAN e aliados que lutaram junto com a aliados Al-Qaeda em Benghazi e depois em toda Líbia.

A guerra humanitária da OTAN e aliados já matou mais de 150 mil pessoas na Líbia.

Criou um caos quase impossível de ser reordenado; destruiu a infraestrutura de um povo .
 que vivia bem, com garantias de toda a espécie assegurada pelo governo. Não considero o governo de Muammar Kadhafi o ideal, mas este é o país que eles puderam construir  e prosperar.
Perdeu o povo líbio, perdeu o povo africano a quem Kadhafi ajudava e venceu a França e seus aliados com os novos contratos para se apossar das bacias de petróleo.

31/03/13 A verdade sobre o conflito na Síria e a manipulação da mídia

A quem a OTAN e seus aliados vieram proteger? A seus próprios interesses.

A opinião pública mundial parou pasma com a chamada primavera árabe. .
Apesar da experiência acumulada e do cuidado de muitos de nós, queríamos crer que havia
de fato uma primavera árabe…Que ilusão!
Bastaram poucos dias para assistir pela TV e ver que, o cenário preparado já tinha um script pronto e manipulado na Líbia através de Sarkosy desde  outubro de 2010 (quatro meses antes da entrada da Líbia na onda da  primavera primavera).

No Egito, ocorreu o mesmo, e tomamos conhecimento da presença de agentes americanos
 junto aos manifestantes na Praça Tahrir, e que chegaram a ser detidos pelas forças de segurança no Cairo.  A diplomacia americana, rápidamente resolveu o episódio que sumiu da imprensa, e em seguida, convidaram a representação da Irmandade Muçulmana em quatro de abril de 2012, a visitar os EUA e acertar a sua atuação no futuro governo no Egito.

Esta preparação com armas e com treinamento militar teve início de fato depois do ataque
 perpetrado por Israel contra o Líbano e defendido bravamente pelo Hezbollah em julho de 2006.
 Se já havia uma intenção dos EUA em destruir o governo de Damasco, passou a ser um ponto de honra para EUA e Israel: afinal, os mísseis usados pelo Hezbollah e pelo Hamas foram fabricados e fornecidos por Damasco.

Na Síria em janeiro de 2011 a embaixada americana recebe como embaixador o agente americano Robert Stephen Ford, assessor do especialista em inteligência o americano John Negroponte que, no Iraque em 2004, quando foi encarregado de aplicar o plano de destruição usado em San Salvador e depois replicado no Iraque.

O objetivo agora era instaurar o caos na Síria: ele conseguiu em 60 dias transformar a Síria de um país pacífico, seguro, tranquilo e confiante, em um país instável, inseguro e em guerra de destruição e desgaste que já dura 16 meses.

A Rússia e a China, signatários do tratado de Xangai, e membros permanentes do Conselho  de Segurança da ONU, após os acontecimentos na Líbia e a licença para destruir que foi concedida à OTAN, viram que o Ocidente, está desestabilizando a região do Oriente Médio
 e avançando em áreas estratégicas para o Grupo de Xangai. A Rússia e China defendem seus  próprios interesses ao defender os interesses do povo e governo sírio. Ao mesmo tempo em . Ao mesmo tempo em que a queda de Damasco pode balcanizar toda a região e envolver atores regionais que até agora permanecem fora do conflito.
 A Rússia tem relações privilegiadas, com a Síria de longa data, que lhe possibilita a presença de uma base militar russa no porto de Tartus. Somam-se a isto, uma relação afetiva. Somam-se a isto, uma relação afetiva com a forte e representativa população cristã ortodoxa da Síria.

Com a China, a relação sino-síria tem base em tratados culturais, artísticos, econômicos e políticos.  Hoje, com o isolamento do Irã, quem está adquirindo o petróleo iraniano é a China, inclusive  comprando-o por um preço abaixo do mercado, e com uma negociação em moeda local.
Ganha neste negócio a China e o Irã… Perdem os EUA e o dólar americano, e perde
 também a União Européia…
A quem interessa esta luta sectária na Síria de muçulmanos sunitas e muçulmano xiitas (que  dividem o governo com cristãos, drusos e alauítas)?

 Aos países do Golfo: Qatar, Arábia Saudita e Turquia, aliados e interpretes do desejo dos EUA, Israel e OTAN. Por que, ao derrubar a Síria, o caminho fica livre para derrubar  o Hezbollah  no sul do Líbano e para atingir o Irã. Portanto, o objetivo é ter o caminho livre para o Irã e de lá para os gasodutos e oleodutos de toda região.

Outro interesse dos EUA e aliados é a mais importante bacia de gás que está na costa mediterrânea da Síria: ora, se o século XX foi o século do petróleo, o século XXI é o século do gás. Esta disputa já está lançada entre americanos, russos e alemães.

 Fonte: Ianotícia.com Ianotícia.com
Publicado também em www.orientemidia.org

Síria: O Ataque às Estações de TV Síria: Ataque à verdade

Quando o rastilho de pólvora da chamada ”Primavera Árabe” incendiou a Síria, já estavam presentes lá os agentes estrangeiros, ¹ que foram os primeiros a reagir com tiros às forças policiais e de segurança, colocando lenha na fogueira. Como já estava no script, as forças de segurança foram atacadas pelos agentes infiltrados, revidaram e assim aconteceram as primeiras perdas... O objetivo foi desencadear confrontos e induzir as forças policiais a praticar as primeiras repressões e prisões.
Desestabilizar a Síria, fazer ruir suas instituições, criar o caos e a insegurança este era o objetivo dos governos do CCG, da OTAN e dos EUA e Israel.

Para atingir este objetivo a imprensa do mundo ocidental orquestrou e deu início a um processo de difamação da imagem do governo da Síria. Esta imprensa nunca foi muito simpática ao governo Sírio; a ignorância, a falta de conhecimento, e o preconceito criaram barreiras entre a realidade da Síria como país laico, agradável, acolhedor, em confronto com o divulgado no noticiário ocidental.
Podemos atribuir esta conveniente alienação da imprensa no Ocidente, à perseverante posição da Síria como bastião da resistência contra Israel.

Na imprensa internacional era assim noticiado o mantra:
 “Ditador Bashar Al Assad reprime com violência as manifestações pacíficas de seus opositores”.
Outro mantra era:

 “O governo do Ditador Bashar Al Assad não permite a entrada da imprensa na área do conflito da Síria.” (Conforme Relatório dos Observadores da Liga Árabe de janeiro de 2012, havia na Síria mais de 170 correspondentes credenciados)².

Esta era a justificativa para a ausência de correspondentes e jornalista do Brasil e de outros países... Logo, as notícias retransmitidas são todas da Oposição Síria, exímia marqueteira, cujas sede e filiais estão localizada nos EUA, Londres e Paris, e agora também em Ancara. Os seus porta vozes são: o Observatório Sírio dos Direitos Humanos; o Exercito Sírio Livre e o Conselho Nacional Sírio.

O Consulado Sírio em São Paulo desmentiu a informação de proibição da imprensa internacional na Síria, e esclareceu que deu inúmeros vistos e orientações de procedimentos a jornalistas e cinegrafistas brasileiros que para lá se dirigiam. Mas, as orientações não foram seguidas, pelo contrário, ao chegar à Síria eles não procediam de acordo com o que lhes foi orientado, que consistia em simples contato com a Embaixada Brasileira e busca de credencial junto ao Ministério da Comunicação.

Eles se dirigiram para os seus contatos, que eram os opositores e, muitas vezes, acabavam criando problemas para si e para a sua segurança.

Foram os acontecimentos da Síria que lançaram luz sobre a mentira e manipulação da “primavera árabe” e ficou evidente o protagonismo da emissora árabe de maior audiência, a TV Al Jazeera (Qatar), que sempre teve uma orientação pró  Fraternidade Muçulmana” e, somaram-se a ela a TV Al Arabya , Ugarit News e a Barada TV.

Coube à Al Jazeera a deformação de fatos e atos do regime sírio. Os acontecimentos na Síria foram de inicio relatados no formato de uma campanha de terror e de desinformação. Em pouco tempo a população da síria, que são fiéis telespectadores da TV Al Jazeera, captaram as mentiras e perceberam que esta TV trabalhava contra o governo e suas instituições. Ela criava fatos, super dimensionava os acontecimentos e transmitia manifestações e distúrbios da Síria, em localidades e regiões pacíficas.

O povo e o governo sírio, perceberam a maquinação e a população dos vilarejos e cidades colaboraram para esclarecer os fatos e mentiras através da agencia Al Sana de notícias, a TV Síria, a TV “Dunia” e a TV “Al Ikbarie Surie”, além da nova “Al Mayadeen”, esta no Líbano, junto com a Al Manar.

A guerra da mídia e da informação estava deflagrada no Oriente e no Ocidente: no primeiro momento muitos filhos e netos de sírios no Brasil ficaram indignados com as notícias veiculadas pelas TV e imprensa do Brasil e de países do MERCOSUL; e em protesto, cancelaram assinaturas de revistas e jornais; e partiram para a busca da verdadeira e isenta notícia. Esta, procedia de jornalistas e tradutores como o conceituado “Coletivo Vila Vudu”, de São Paulo, que garimpam a boa notícia em sites e blogues do mundo, assim como agências de notícias como: Rússia Today, Voltaire Net (França), Global Research (Canadá) e Asia Times (China). Além desses, existem outros veículos que, não alinhados à pauta da mídia-empresa, respeitam o leitor e prezam a notícia e a informação, considerando-a um direito do cidadão.

O Ataque às Estações de TV Síria: Ataque à verdade

O ataque à informação e à verdade se intensificou e atingiu a imprensa da Síria, com ameaças de perda da transmissão, que foi proposta e aprovada pela Liga dos Estados Árabes.... Hoje chamada de representante do CCG.(Conselho de Cooperação do Golfo).

Com o dinheiro de Qatar e da Arábia Saudita, os mercenários que se autodenominam Exército Sírio Livre, atacaram por mais de 5 vezes as diferentes estações de transmissão da “Al Ikbarie Surie” uma espécie de Syria News, jornalismo 24 horas no ar.

Seqüestraram e mataram diversos jornalistas e inclusive ancoras da TV Syria, como o jornalista Mohamad Said, e veiculam notícias desencontradas para gerar pânico e insegurança na população.³
Passado mais uns dias a sede central das emissoras Síria de Rádio e Televisão SANA, foi detonado uma bomba no seu terceiro andar, isto no centro de Damasco, na Praça dos Omayadas.
Em Allepo, um dos alvos prediletos de ataque e destruição, dos mercenários, chamados de rebeldes, é a estação da TV Syria, mas foram rechaçados pelo exercito em mais de uma tentativa.
O número de jornalistas sírios seqüestrados é grande e muitos foram executados.

Este é o grande atentado à verdade e ao direito à informação.

Após 17 meses de atentados, seqüestros, massacres de inocentes, destruição da infraestrutura de eletricidade, água e gás, o papel da TV e imprensa na Síria é fundamental para fortalecer a moral da sua população civil dentro e fora da Síria. O exercito sírio foi à luta respaldado por seu povo e atendendo a um chamado do seu povo; 60% da população síria.

Em Allepo, a segunda maior cidade da Síria e capital da indústria e do comércio, os rebeldes não conseguiram cooptar seus moradores tradicionais. São os habitantes desta cidade que mantém uma comunicação direta com a polícia, forças de segurança e exército, e denunciam a presença de bandos armados.

A cidade de Allepo possuí 29 bairros. Os bandos de mercenários armados se entrincheiraram em 5 bairros e noticiam que ocuparam metade da cidade.

Expulsaram vergonhosamente a população local com promessas de dinheiro e de salário mensal em dólares; ocuparam e assaltaram seus lares, e transformaram esta população carente em refugiados sírios em território turco, proibidos e ameaçados pelo “exercito sírio livre”.

Em Allepo, em algumas localidades onde os mercenários quiseram impor a sua lei, as vilas foram defendidas pelos seus habitantes. Como aconteceu com o clã dos Berri.

No momento que termino de escrever este artigo recebo a notícia de que o vilarejo de Ghassanie cuja população é cristã e onde nasceu meu pai, foi atacada com foguetes do exercito sírio livre, oposição síria, porque, me pergunto?

Por que a sua população é cristã e são favoráveis à manutenção da Síria integra, laica e plural, uma Síria onde o sino da igreja toca embalado pelo cântico das mesquitas, onde cristãos e muçulmanos convivem, compartilham e festejam suas datas religiosas juntos.

¹ http://www.globalresearch.ca/
² Relatório dos observadores da Liga Árabe (Não foi lido e nem avaliado pela comunidade internacional, por que não interessava o seu conteúdo à oposição Síria e seus apoiadores, o CCG, financiadores da Liga Árabe). O Conselho Nacional Sírio, grupo de oposição da Síria solicitou que o Dossiê Síria fosse reportado ao CS ONU. Foi quando a Rússia e a China usaram o seu poder de veto, e puderam barrar as resoluções cirúrgicas do CS ONU.
³ Ver Thierry Meissan, Rede Voltaire.net - http://www.voltaire.net/

São Paulo, 10/09/2012
Claude Fahd Hajjar

Pronunciamento por ocasião do 50° Reunião do Grupo de trabalho Árabe

Grupo de Trabalho Árabe – 50ª Reunião

Este nosso GT Árabe surgiu da necessidade que alguns cidadãos sentiram de criar um espaço de troca e de interlocução com o OUTRO, seu parceiro nas ideias e ideais, e com as quais já vinham trabalhando na questão Árabe Palestina desde dezembro de 2008.

O ano de 2009 foi intenso e com inúmeras solicitações da imprensa para que as entidades, seus representantes ou mesmo estudiosos e pesquisadores das questões árabes e palestina que foram convidados a participar de debates na TV e também entrevistados por jornais e revistas. Cada um de nós sentia que precisava se preparar e estudar para dar conta da responsabilidade de poder defender num espaço mais amplo, que é a imprensa, uma questão de direito e altamente complexa como é a questão árabe e palestina.

Muitos de nós já nos havíamos mobilizado e já estudávamos isolados, quando, em dezembro de 2009 verbalizamos esta necessidade e convocamos a primeira reunião para 20 de janeiro de 2010, com um número modesto de participantes, porém, todos selecionados e interessados em ler, escrever e debater os temas urgentes da problemática árabe e do Oriente Médio em geral. Ocupava também nossa atenção avaliar as ações geoestratégicas do Oriente Médio e as conjunturas políticas decorrentes destas macro ações políticas.

O ano de 2010 foi um ano de transição política e o nosso grupo tinha como foco eleger Dilma Rousseff como sucessora do presidente Lula, para poder garantir assim a continuidade da política externa brasileira no que diz respeito ao Oriente Médio.

Passamos três anos concentrados, atentos, lendo, divulgando, estudando; alguns escrevendo, outros respondendo a jornais, concedendo entrevistas.

Alguns de nossos membros hoje estão no exterior estudando e se aperfeiçoando. Uma doutora pela Sorbone e outra mestranda na Universidade de Bordeaux.

Tivemos excelentes encontros com entidades coirmãs e que compartilham muitas de nossas metas e objetivos, cito aqui, Fearab, Fepal, Cebrapaz, BibliASPA, Instituto Jerusalém, Portal Arabesq; partidos políticos como o PCdoB, PT, Pátria Livre, assim como partidos estrangeiros e aliados como, o PC libanês, Partido Baath Árabe Socialista e PNSS.

Tivemos uma participação ativa e construtiva na fundação do “Comitê pelo Estado Palestina Já” em 28 de agosto de 2011 e na realização do "Fórum Social Internacional Palestina Livre” ocorrido em Porto Alegre entre os dias 28 de novembro e 1º de dezembro de 2012. Acompanhamos sempre de perto as eleições libanesas, egípcias entre outras. Debatemos e vimos estudando esse tema, os levantes dos povos árabes em todo o Oriente Médio.

Mas, a partir de 2011 cada vez mais o foco e a concentração de nossos esforços vão em direção da Síria. A Síria laica, soberana e que luta com dignidade pela integridade de seu território e pela manutenção de suas instituições vem sendo atacada a partir do exterior. Sofremos muito com a desinformação, mas graças à diversidade do grupo e às inúmeras habilidades desenvolvidas com as modernas tecnologias, vem a notícia real, e desmente o fato noticiado feitos pelos órgãos de mídia e imprensa local no Brasil que reproduzem apenas o que as agências controladas pelo imperialismo escrevem e falam. Temos como membros de nosso Grupo de Estudos e Pesquisa os que sabem ler árabe e os que leem em inglês e francês. Buscamos também informações no twiter e em todas as redes sociais. Enfim, usamos com muito rendimento o instrumento da Internet.

O grupo aprendeu a sobreviver no meio ao caos da desinformação.

Agradeço ainda a presença, sempre atenta, nas reuniões do Dr. Ghassan Obeid Mui digno Cônsul da República Árabe da Síria em São Paulo e sempre nos tratou com amizade e carinho, bem como ao embaixador Ibrahim Al Zeben, hoje decano dos embaixadores e com tão brilhantismo representa o Estado da Palestina.

Membros de nosso GT organizaram a 1ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino, ocorrida entre os dias 10 e 20 de junho de 2012 e agora entre os dias 11 e 22 de abril próximo, pretendemos enviar pelo menos mais trinta pessoas na 2ª Missão de Solidariedade aos Palestinos que o CEP organiza da qual membros do GT são figuras centrais.

As linhas mestras que orientam o foco e dão a diretriz ao GT Árabe:

1. É um grupo de caráter laico – ainda que multireligioso –, plural e progressista preocupado com o desenvolvimento, o progresso e a prosperidade das populações árabes.

2. Acreditam no ensino, na pesquisa, no treinamento para o trabalho e no desenvolvimento do potencial humano como instrumentos que darão o caráter afirmativo da vida dos cidadãos.

3. Acreditam que a Cultura e Civilização Árabe que ajudou a construir a Europa e a América teve seus direitos e domínios usurpados seja pelo capitalismo desenfreado seja por um fundamentalismo tosco. O trabalho deste grupo visa a retirar os escombros por sob a qual jaz aniquilado o legado Árabe e reapresentá-lo como de direito para Estudos Comparados e debates nas universidades e instituições de pesquisa, torná-lo accessível a cada cidadão americano e árabe. Enaltecemos o legado que essa civilização deixou para a humanidade como um todo.

4. Acreditamos que o papel do Americano Árabe no Cone Sul encontra muita identificação e empatia na população local e assim podemos aproximar mais ambas as mentalidades e culturas.

O Futuro e os desafios que nos aguardam

Nosso grupo pretende neste quarto ano começar a operacionalizar as suas ideias, e avançar na criação de um “Centro de Estudos, Pesquisas, Ensino e Geopolítica do Oriente Médio”.

Quero deixar aqui meu testemunho da dificuldade em encontrar fontes de financiamento para projetos desta envergadura. Quando falamos de um Centro de Estudos e Pesquisas, sempre esbarramos em bolsas de estudos, viagens, materiais de pesquisa. Queremos também esse Centro, uma instituição laica, plural, democrática e progressista, que defenda a ciência e a pesquisa.


Lançamos a todos e todas este desafio da busca do financiamento para o nosso Centro de Estudos, e de que podemos sim continuar a crer e trabalhar por um mundo de paz e progresso, ao mesmo tempo em que pedimos apoio dos presentes, neste nosso singelo evento. Agradecemos aos presentes

Muito obrigado.

São Paulo, 16 de janeiro 2013.

Drª Claude Fahd Hajjar
Pela Coordenação do GT Árabe


V° Centenário do Encontro de Duas Culturas: Flagrantes Árabes na Imigração

Syrian and Lebanese in Western São Paulo
A PRESENÇA ÁRABE NOS 500 ANOS DA AMÉRICA

IMIGRAÇÂO ÁRABE NO BRASIL

Com este primeiro evento Americano -Árabe na cidade de Caracas -Venezuela, a Federação de Entidades Americano - Árabes - Fearab América, dá início às festividades em comemoração aos 500 anos do Descobrimento da América.

Toda festividade se nutre e cimenta na memória pois revive, recorda, elabora e se apodera do passado integrando - o ao presente.

Toda celebração traz uma nova leitura do mesmo fato, reatualizando percepções e sensações adormecidas e sobre uma nova ótica, inaugura um futuro, o devir. Por tanto, ao festejar um fato passado, estamos celebrando a esperança em um futuro ao qual nós traçaremos o seu contorno.

A Fearab América vem trabalhando há mais de oito anos com as comemorações do V° Centenário. Pesquisadores de diferentes países, americanos e árabes se dedicaram ao tema do descobrimento, conquista, desenvolvimento, integração e aculturação dos diferentes povos que para aqui vieram.

 A presença árabe na América e sua participação no desenvolvimento deste continente é o objeto constante destas pesquisa .

Consideramos este evento como um fato, uma pausa para a reflexão sobre:

nossa pertinência americana
nossa raiz árabe
nosso vínculo ibérico
nossa tradição sírio libanesa
nossa identificação com os nativos americanos
nossa solidariedade com todos os povos que ajudaram a povoar e construir a América.

Em 1492 Colombo atracou suas naves na Baia de Santo Domingo. Este fato denominado o  "Descobrimento da América” pelos espanhóis não é apenas um encontro extremo exemplar e paradigmático: ele possuí um outro sentido de causalidade direta.

A história mundial é feita de conquistas e derrotas, de colonizações e descobrimentos do “Outro”; mas é a conquista da América que anuncia e funda nossa identidade presente.
Podemos afirmar que o início da era moderna é 1492.
 
É nesse momento que começa nossa genealogia. A partir deste momento descobrimos o  "Outro” e também nosso real tamanho. Descobrindo nosso real tamanho, nós percebemos que os descobrimentos se acabaram, e constatamos que “o mundo é pequeno" como declarou Colombo emCarta raríssima 7de julho de 1503.
 
O corpo físico do planeta se completou, a parte que faltava havia sido encontrada e ao revelar-se a outra metade o mundo inaugura um novo tempo com uma nova realidade de espaço, de distancia, referência, clima e extensão territorial
Uma outra natureza se delineia e se mostra. Novas espécies, nova fauna e nova flora, diferentes hábitos e costumes se enfrentam, se estranham e se entranham.

Por estas e outras razões não consideramos estas comemorações somente americanas, espanholas ou portuguesas. O mundo festeja os quinhentos anos do encontro de suas duas metades:

- a América descobre o velho mundo
- o Velho Mundo descobre a América
- o Velho Mundo descobre a amplitude de espaço e riquezas que lhe eram negados nos velhos continentes.
 
América, também descobre uma outra riqueza cultural, produto do intercâmbio de raças e culturas que por milênios transitaram entre Ásia, África e Europa. A bagagem científica, tecnológica, política e administrativa do Velho Mundo foi a aquisição valiosíssima que a América ganhou.

Da mesma maneira que a natureza atrai e irradia vida e plenitude, também rechaça e expulsa muitos de seus filhos. Impõe-se hoje a nós pensadores e investigadores do V° Centenário fazer uma reflexão sobre estes quinhentos anos que promoveu um novo horizonte à humanidade.

Este período não proporcionou só abundância e riquezas, mas trouxe também consigo enfermidades, revoltas e massacres vividos tanto pela população autóctone como pelos primeiros colonizadores e também imigrantes.

Flagrantes Árabes na Imigração

Não é possível compreender e medir a presença árabe na América partindo de uma linearidade histórica descritiva. Gera perplexidade ao pesquisador a discrepância existente entre os elementos atribuídos à presença árabe na América em seu aspecto cultural, político, social, econômico e científico quando contraposto à quase ausência de registros, estudos e documentos que confirmam esta presença.
 
Fontes autorizadas em estatísticas estimam que dez por cento da população americana é de origem árabe. Não vamos nos deter nestes números pois o nosso foco é qualitativo:
nosso interesse é detectar como o estilo, a ética, os sutis detalhes do árabe ficaram impregnadas no estilo de vida americano.
 
No âmbito científico como no literário está retratada a vida cotidiana do homem americano.
Seus hábitos e costumes nos remetem a um outro tempo e lugar, a uma outra história: a presença árabe na Europa , sua miscigenação na Península Ibérica e no sul de Itália.
 
Para o investigador histórico da presença árabe na América é mais fácil escrever a história atual que se desenvolve dia a dia em cada país que conseguir um registro ou uma citação de tal presença. No entanto, percebemos como se um tabu impedisse a “revelação” desse movimento histórico participativo.
 
A presença Árabe americana fez a história, porém continua sem registro na história.
Ao estudarmos esta presença à luz da moderna imigração, isto é , desde fins do século dezenove até começo do século vinte nos enfrentamos com uma história descritiva. Obras memoráveis como a construção de hospitais, orfanatos, clubes, entidades de beneficência e outros, serviram para a “elaboração do luto” fruto da dor causada pelo afastamento dos seus países de origem. 
 
Vemos a divisão e o sectarismo atravessar o oceano e radicar-se aqui. O apego à terra natal transporta ao país da imigração as diferenças e os regionalismos.
Constatamos que as novas gerações repudiam essas práticas ancestrais e por não compreender a razão de ser de tais hábitos, estão se afastando das tradições.
 
Negando sua pertinência ao seu grupo, se instala o desenraizamento que por sua vez dá lugar à desarticulação com o social. Essas pessoas descendentes de imigrantes tentam uma miscigenação forçada com o meio em que vivem procurando desesperadamente formar parte dele, pertencer a ele. 

Dando continuidade aos flagrantes, mudarei a cena e os conduzirei aos atuais Síria e Líbano.
  Causou-me profunda estranheza ao visitar sítios arqueológicos nesses países e perceber que os povos que ali vivem, há muito tempo, não possuem nenhum vínculo com os fatos de seu passado glorioso. Muito semelhante, me pareceu, com a indiferença de peruanos e mexicanos frente às relíquias históricas deixadas por seus antepassados indígenas.
 
Essa descontinuidade histórica e cultural pode ser a causa subjacente geradora de toda a negação da origem que o imigrante vive em sua vida diária. Desconhecendo seu passado se coloca à margem de seu presente e da esperança no futuro. 
 
É necessário lembrar também, para a compreensão desta análise, que os mesmos quinhentos anos que comemoramos na América foram muito negativos para o povo árabe em geral.
Foi em 1492 que os árabes foram expulsos de Granada, na Espanha, e se dispersaram pelo mundo. Nesse mesmo período a região da Síria natural, estava sob o domínio Otomano e assim se manteve por quatrocentos anos.
 
Este período sombrio da história desse povo provocou grande perda da identidade nacional  e como consequência seu empobrecimento vital, econômico e político.
 
A deterioração das instituições do Estado privou os cidadãos de um sistema de ensino suficientemente amplo, reservando esse privilégio a uma reduzida elite econômica.
A grande massa do povo, no entanto, buscava a sobrevivência, condenada pela ausência de condições para manifestar seu potencial produtivo.
 
Dois tipos de imigrantes chegaram na América no final do século dezenove:
  1. o imigrante informado, culto, que abandona o país por questões políticas e econômicas,
  2. o imigrante que saía em busca da segurança e sobrevivência.


O primeiro tipo buscava na imigração, iluminar sua mente e oxigenar seus pensamentos, procurando soluções políticas, econômicas e sociais para o seu país de origem. Ele saía da cena política pensando organizar os acontecimentos entre bastidores. Um exemplo vivo dessa situação temos aqui no Brasil.

 
O começo da imigração documentada é de 1885 e o primeiro diário em idioma árabe,“Al – Fayad”, foi publicado na cidade de Campinas em1897.
Este exemplo ilustra bem a preocupação do imigrante árabe que saiu em busca da expressão política, em busca de seu direito de pensar e de encontrar soluções para seu povo e o país de origem. 

 
Os filhos desses imigrantes vivem comprometidos com a realidade de seus pais e conhecem bem a história, seu valor como imigrantes árabes e o significado de carregar em suas veias seis mil anos de história da civilização. Pertencem e se solidarizam tanto com sua parte árabe como com sua parte americana.
Entre eles temos excelentes profissionais orgulhosos de sua origem e que divulgavam sua tradição e história. Exercem participação ativa no seio da sociedade em que atuam e são verdadeiros cidadãos americanos. Muitos deles representam a América nos países árabes e os países árabes na América.

 
O segundo tipo, aquele que se viu expulso da sua terra por razões de miséria e fome, emigrou, sofreu, se ressentiu, porém ao chegar aqui, canalizou toda a sua força produtiva represada e pode conquistar sua tão desejada sobrevivência, segurança e por fim prosperidade.
Cabe aqui deixar claro alguns aspectos sobre diferenças existentes entre os imigrantes europeus, asiáticos, e o imigrante árabe.
Os italianos, alemães, japoneses, e outros formaram parte de uma imigração organizada, projetada e protegida. Por outro lado a imigração árabe foi programada, dirigida, mas não protegida; isto por que quando teve início a imigração, os atuais estados árabes não existiam, razão pela qual não foram firmados acordos tal como ocorreu com outros países de onde procedia também a imigração.
Este fator, sem dúvida, depois de passados cem anos de história imigratória, pode ser considerado como positivo, pois obrigou o imigrante árabe a forjar-se a si mesmo e a suas organizações sociais que protegiam os conterrâneos que chegavam aos portos americanos.
No entanto se pudéssemos retroceder no tempo e avaliar o sofrimento e dificuldade destas pessoas, que saindo da região da Síria e do Líbano, tiveram que somar à dificuldade da grande barreira idiomática, o clima do Brasil, a vegetação, a alimentação, a religião, tudo lhes era estranho, diferente. Tiveram que apreender a viver outra vez em outra terra e carregando ainda na alma a nostalgia do que deixou para trás.
Continuo agora a lhes falar deste segundo tipo de imigrante aquele que emigrou em busca da sobrevivência.
Para enfrentar todas as dificuldades inerentes à imigração, buscou no trabalho, na produção, a forma de afastar-se do mundo externo que lhe era desconhecido e hostil já que cabia a ele um propósito: buscar a segurança e a prosperidade econômica.
Muitos deles ao seguir essa fórmula, se excederam na dose, privando os seus familiares da presença paterna e por conseguinte, da história e do mito que o pai representa.
Criaram famílias desarticuladas de seu passado. Seus descendentes sentem-se estranhos, “inchados”, “ engrandecidos pelo dinheiro” porém sentindo a falta de base, da origem, da história e da tradição.
Tentam integrar-se na sociedade em que vivem, porém, como essa integração não é espontânea, não atingem o objetivo totalmente. Desconhecem a música e o folclore de seus pais e muitos sentem vergonha de serem árabes, já que este vínculo atávico foi lhes negado pelo ressentimento de seu pai.
Mantém o nome árabe, a comida, porém todo o demais está totalmente perdido.
Na segunda geração desses imigrantes, a desorientação é muito grande. Mais tarde, seus filhos, isto é, a terceira geração, buscam na compreensão de suas raízes a reintegração consigo mesmos e com suas origens. Usando uma linguagem metafórica psicanalítica, buscam ansiosamente reaproximarem-se e apoderarem-se das imagens fantasmáticas do inconsciente do pai, para a partir desse, poder chegar a seu avô, tão negado e anulado por seu pai.

 
Apresentado em Caracas,Venezuela,no início 1992.

Claude Fahd Hajjar
Diretora Cultural de Fearab América
Coordenadora do Vº Centenário de Fearab América -"Encontro de Duas Culturas"





























A mulher palestina na luta de libertação nacional


 
Na atual guerra que se desenvolve na Palestina Ocupada, a imagem que mais nos comove é a das mulheres em fuga, mães protegendo seus filhos contra os ataques, crianças mutiladas e órfãs. Mas isto não revela ainda todo o sofrimento e luta da mulher palestina, durante todos esses anos de opressão e perseguição a seu povo.
 
A mulher palestina desde o início do século XX, toma consciência da necessidade da luta contra a dominação estrangeira e junto ao seu povo se organiza e participa da luta popular em defesa de sua pátria.
 
Desde o início do século XX até a criação do Estado de Israel, a mulher palestina toma parte da luta contra a dominação estrangeira. A despeito dos preconceitos existentes e da sua condição de mulher em particular, ela participa dos protestos populares, nas aldeias e cidades, através de greves, atos públicos ou confrontos armados.
 
Em decorrência da luta travada contra a “ Declaração Balfour”, as mulheres se organizam fundando a União Geral de Mulheres da Palestina em 1921, que procurou alargar suas bases no sentido de arregimentar o maior número de mulheres na luta contra a dominação britânica e a implementação do sionismo na sua pátria.
 
Em 1929, a União Geral das Mulheres Palestinas realiza a sua I° Conferência, com 300 mulheres, representando diversas regiões da Palestina, e tomam como resolução principal a denúncia da opressão britânica associada ao sionismo, dirigindo-se a todas as organizações internacionais.
 
Com a intensificação da resistência palestina à dominação inglesa, a mulher desempenha um papel destacado na proteção dos revolucionários, evitando assim castigos coletivos que sofriam as aldeias pela armada inglesa, quando da procura da identidade dos revoltosos.
 
Com a crescente mobilização popular, as mulheres escolhem o dia 6 de maio de 1936 para a realização de uma manifestação de boicote às mercadorias estrangeiras. As mulheres , dirigidas pela União Geral das Mulheres Palestinas, organizam e dão respaldo às atividades dos revolucionários ajudando as famílias dos perseguidos , mortos e presos políticos, arrecadando dinheiro para a compra de armas e munições, confeccionando fardas para os revolucionários. A venda das suas jóias pessoais servia também para a compra de terras, num esforço para que não fossem adquiridas pelos grandes capitalistas sionistas.
 
No terreno militar, suas atividades se restringiam ao transporte de armas, munições e alimentos, burlando a vigilância dos invasores.
 
Nesta época, ainda é pequena a participação da mulher em ações militares, mas quando o fazem são exemplo de coragem e abnegação. Citaremos o nome da heroina Fatma Ghazal que tombou no dia 26 de junho de 1936 durante a batalha de Ein Chazoun, pertode Lydd( região próxima ao atual aeroporto de Telavive.
 
O processo de partilha da Palestina pela ONU e as ações expancionistas e terroristas dos sionistas levaram novamente a mulher a levantar a bandeira da liberdade e da autodeterminação de seu povo.
As formas mais notáveis desta luta foram: cavar trincheiras, construir barricadas e abrigos, formação de organizações clandestinas que acompanhavam os revolucionários assegurando-lhes comida, armas, munições e atendimento aos feridos.
 
No dia 9 de abril de 1948 várias destas mulheres caíram mortasem combate ao defender a aldeia de Deir Yassin.
 
Após a partilha da Palestina pela ONU, cresce a participação da mulher na vida social e produtiva. Grande número de mulheres tornam-se operárias, professoras, ganham acesso a universidade, visando a capacitar-se diante da nova responsabilidade que adquire na proteção à família, visto que a grande maioria dos homens sofre perseguição política ou resiste na clandestinidade e no exílio. Ao lado disto, cresce a sua participação nas atividades sindicais e políticas. São criadas diversas associações de ajuda à população civil no sentido de tornar mais leve os sofrimentos da guerra e do exílio.
 
A partir de 1956, com o recrudescimento das ações armadas de resistência, as mulheres alistam-se nas organizações de fedayins¹. Em 1964, com a criação da OLP, a mulher participa da 2° Conferência da União Geral de Mulheres Palestinas, em Jerusalém, com vistas a atualizar a sua organização para responder melhor às exigências da época- reorganização do povo palestino.
 
Intensifica-se a participação da mulherapós a ocupação total da Palestina em 1967, quando a grande maioria do povo palestino se vê forçado a viver em campos de refugiados.
 
A mulher palestina persiste em sua luta e, através da sua perseverança, abnegação e coragem, transforma a sua luta de simples condição de retaguarda até o confronto armado aberto. Passa a participar na preparação e execução de operações militares.
 
A partir de então, suas principais lutas, encaminhadas através dos núcleos da União Geral de Mulheres Palestinas, são:

  • a luta pela ampliação de suas bases populares e fortalecimento de sua organização;
     
  • a luta para a capacitação das mulheres para assumirem postos na produção, nos projetos econômicos, seguindo o programa da União Geral das Mulheres Palestinas que afirma a importância da mulher na produção e na participação efetiva na construção da sociedade palestina e na realização dos seus plenos direitos sociais;
     
  • a luta pela elevação do nível intelectual e das condições de saúde dos refugiados. A União Geral das Mulheres Palestinas cria cursos de alfabetização para crianças, instala centros de saúde materna e infantíl, cursos de primeiros socorros e enfermagem;
     
  • o cuidado com as crianças palestinas, através da implantação de creches nos campos de refugiados para assegurar assistência médica e educativa e auxiliar o trabalho das mães;
     
  • o papel da mulher nos campos de refugiados tem sido, simultaneamente, de combatentes, enfermeiras e encarregadas das comunicações de rádio nas frentes de batalha. Nos postos de retaguarda elas construiram uma administração autônoma para aliviar os sofrimentos que a guerra inflingiu à população:distribuiçãode alimentos, assistência médica às mulheres e às crianças, mantendo ao mesmo tempo a mobilização política e o treinamento militar.
     
  • Nos territórios ocupados, o papel da União Geral de Mulheres Palestinas foi importante, sendo o mais destacado a participação das mulheres nas manifestações populares contra a ocupação sionista.
     
  • Em 1969, a União Geral das Mulheres Palestinas filia-se à Federação Democrática Internacional de Mulheres ( FDIM)
     
  • Na Conferência Mundial do Ano Internacional da Mulher em 1975, no México, a União Geral das Mulheres Palestinas faz aprovar uma moção de condenação ao sionismo, moção esta aprovada também no Congresso Internacional da Mulher em Berlim.
     
  • A luta da mulher palestina faz parte da luta de seu povo, que tem um só objetivo: o restabelecimento na Palestina de um Estado livre, democrático, não racial, onde todos possam viver em paz, sejam eles judeus, cristãos, muçulmanos e contribuírem, conjuntamente, para o progresso e o bem-estar da coletividade.
     
  • Depoimento de May Sayegh: “ Hoje a mulher é uma base importante da OLP, tanto as que estão aqui como as que vivem no exterior. Nas universidades há praticamente tantos estudantes homens como mulheres. Mas, apesar de todos estes serviços, a mentalidade do homen não mudou. As tradiçõesárabes ainda pesam. Estamos dispersas no mundo árabe. Submetidas às leis de cada país. Posso dar-lhe o exemplo de mulheres universitárias, casadas com homens da Árabia Saudita que hoje vestem as roupas tradicionais daquele país.O mesmo acontece em outros países árabes. Elas vão da escola para a casa depois de terem sidomilitantes revolucionárias. Isso deixa claro que a libertação da mulher palestina só será alcançada com a Revolução. Nada se consegue frequentando e formando-se na Universidade. Não se consegue mesmo participando da economia familiar. São as lei que precisam ser modificadas. E até que tenhamos nosso Estado independentes, com nossas próprias leis, não poderemos superar totalmente as tradições. Nossa União está convencida que a mulher palestina não poderá libertar-se até que a Revolução seja vitoriosa”.
     
  • Quem está mais avançada, a mulher palestina ou a israelense?
     
  • “ A maior ou menor participação da mulher está de acordo com a ideologia. Um Estado sionista, imperialista, retrógrado, como pode ter uma atitude progressista para a mulher/ Sem dúvida, nós estamos mais avançadas”.
              Publicado em agosto de 1982

Síria: As surpresas de Genebra 2

Publicado por Oriente Mídia
Claude Fahd Hajjar

O que surpreende em Genebra 2 é o comportamento provocativo e infantil da comunidade internacional, ao impedir o vôo da aeronave com a delegação síria sobre o espaço aéreo dos países europeus.

A provocação é a arma dos fracos e a intenção é do acirramento de conflitos, demonstrando assim o jogo de cena que se pretende que seja Genebra 2. Esta provocação mostra o quanto estão comprometidos para o fracasso desta reunião, os países ”inimigos da Síria” e nesta atitude liderados pela França cumpridora de ordens da Arábia Saudita e seus instrutores.

A abertura realizada em Montreux, Suiça, com a presença de 39 países que compareceram para contribuir com o diálogo para a construção da paz, e assistiram as confrontações e provocações do representante americano John Kerry e do presidente da Coalição de oposição Síria senhor Ahmed Jarba ,assim como presenciaram os incongruentes e hilários discursos do Catar e da Árabia Saudita.

Estes atores foram confrontados com o belo e pertinente discurso do chefe da delegação síria para Genebra 2, o Ministro do Exterior e dos Imigrados da Síria Senhor Walid Al Muallem, um pronunciamento que vinha da alma do povo sírio refletindo a realidade do sofrimento e privações que vem sendo vividas pela população naquele país, em consequência dos três anos de sanções econômicas e ataques terroristas de toda ordem, que pretendem destruir a soberania do Estado Sírio, instigados, financiados e treinados pelas mesmas potências que foram convidadas à reunião de Genebra 2.

Enquanto a maioria dos 39 países presentes evocavam: a beleza da Síria( Japão); a sua soberania e a necessidade de um diálogo entre sírios (Brasil); a verdade e o reconhecimento de ataque terroristas contra a população e infraestrutura do país fronteiriço (Jordania), outros como o americano insistiam na ingerência explícita nos assuntos internos da Síria e destruição da sua soberania nacional, pedindo ainda a destituição de seu presidente Baschar Al Assad, tema que voltou a insistir em tom de “dono do mundo”, no encontro econômico de Davos – Suiça.

O discurso do Senhor Ahmed Jarba, em sotaque saudita, difícil de ser compreendido pela população na Síria, provocou indignação dentro e fora do país. “ Este senhor não nos representa” bradavam nas ruas a verdadeira oposição síria, que apesar da insistência de seu governo, não fôra convidada a Genebra 2.

Como pode a Síria dialogar em Genebra sobre as questões internas da Síria na ausência de seus verdadeiros interlocutores: a oposição interna Síria.
Porque não foi convidada a oposição interna ideológica e política ?
Primeiro porque estes grupos já se manifestaram como contrários à intervenção estrangeira e apoiadores da soberania nacional.
Esta oposição, vive dentro da síria, possuí questões objetivas, críticas pertinentes e reinvindicações que estão sendo debatidas com o ministério da reconstrução nacional .

A Coalição Nacional Síria, é a oposição de sírios no exterior. Formada por cidadãos que têm dívidas com o estado sírio, questões pessoais mal resolvidas, muitos dos que saíram da Síria com bolsas de estudo paga pelo governo e não retornaram; grupos de pessoas mal sucedidas dentro e fora de seu país, que foram recolhidas, instruidas,e financiadas por organismos americanos, europeus, sauditas, cataris,e acolhidos pelo estado jordaniano e turco onde mantinham a sua sede e que permitiram utilizar as suas fronteiras para o fornecimento de combatentes estrangeiros de 83 nacionalidades diversas que entraram em território sírio atraves das fronteiras da Turquia e da Jordania e do combalido Iraque, a Al Qaeda, Jabhat al Nusra, e outros tantos outros ligados a Al Qaeda e financiados tanto por catar quanto pela arábia Saudita.

Presidiu a Coalição da Oposição Síria,o senhor Jarba que após o seu malfazejo discurso em Montreux, saiu da presidência e deixou a Coligação acéfala, perdendo-se aí um dia nas negociações em Genebra que se iniciaríam em 23 de janeiro, e tiveram início em 24 com a delegação da Síria presidida pelo Embaixador Permanente na ONU Baschar Al Jaafari, responsável por conduzir o diálogo com os opositores.

Claude Fahd Hajjar


São Paulo, 25 de janeiro 2014