As duas explosões que ocorreram em, 10 de maio
de 2012, em Damasco às 7e30 no horário local, geraram revolta e
indignação na comunidade internacional, temor e tremor na população
síria e inúmeras reflexões e questionamentos na população de
origem síria na imigração.
É temerário pensar que estas ações poderiam
ter sido executadas por cidadãos Sírios opositores ao Governo;
assim como, é inverossímil crer que os organismos de segurança do
governo do Presidente Bachar Al Assad teriam algum benefício com
semelhante ação.
A tragédia que assistimos pela TV ontem deve ser
atribuída a pessoas, entidades ou governos interessados em
prejudicar a sociedade síria, impedindo que se estabeleça o diálogo
nacional proposto pelo CS da ONU. Tal diálogo só poderá ser levado
a cabo se for respeitado por todas as partes do conflito. Caso isso
não seja possível, o CS da ONU ameaça intervir. A impressão que
temos é que, justamente quando a Síria está concluindo uma eleição
para o Parlamento e concomitantemente, recebendo os observadores da
ONU, os ataques se intensificam como provocações que buscam a
instabilidade que justificaria uma intervenção externa.
Mas quem deseja a guerra ao diálogo?
Sabe-se através das agencias de notícias, que a
Turquia deu abrigo e treinamento ao “
exercito livre sírio” na fronteira com a Síria. E a agencia
noticiosa da Síria, mostrou o grande número de sequestros de
civis, assim como, franco atiradores posicionados em Homs, que
tinham como único objetivo atingir oficiais, personalidades, e
jovens que se negavam a empenhar armas e se mantinham solidários ao
governo ou dentro de uma oposição que apoia o diálogo.
As agencias de notícias apreenderam armas e
munições que vinham da Líbia, e seriam recebidas através do porto
do Líbano e contrabandeadas para a Síria. Ainda através das
agencias de notícias sírias e libanesas, temos conhecimento da
presença de mercenários sauditas (salafitas) e outros, que
estiveram presentes na Líbia e no Egito, estão agindo na Síria, e
cooptados ativistas e opositores ao regime sírio mediante salários
mensais.
Aqueles que lutam contra o diálogo nacional
sírio só podem ser considerado criminosos a serviço de governos
que desejam a morte de cidadãos sírios, a desestabilidade de seu
governo e plantar o temor no cidadão sírio.
Nada justifica esta carnificina que se instalou na
Síria e que vem sendo financiada com o dinheiro dos países do CCG
(Conselho de Cooperação do Golfo) e seus aliados, disposto a depor
o Governo Assad à revelia da opinião do povo Sírio.
Que exista oposição ao Governo, sim concordamos
e consideramos salutar.
Que exista uma disputa política e um Dialogo
Nacional para que, os muitos erros, sejam sanados, concordamos e
consideramos assertivo.
Mas por que da destruição de prédios, e a
morte de civis inocentes?
Crianças e jovens a caminho do trabalho e
escolas?
Gigantescas explosões em bairros residenciais e
centrais?
O objetivo destes terroristas e os governos
enfermos, que os apoiam é levar a instabilidade ao povo de Damasco.
Ameaçar as grandes cidades. Criar o caos e a desordem e minar a
estrutura da sociedade síria.
O Império não aceita ser desafiado.
Tudo começou em 2003 quando
o Presidente Bashar Al Assad não aceitou ser aliado dos EUA de
George W. Bush e Dick Cheney na invasão ao Iraque.
Foi decretado aí o final do governo Al Assad.
Foi decretado aí o final do governo Al Assad.
Ou o governo de Bashar Al Assad torna-se aliado do governo americano e da OTAN na Invasão ao Iraque, e colabora com a destruição do governo, povo e da infra- estrutura do Estado Iraquiano ,ou, estaria decretado o seu fim.
Foi em 29 de setembro de 2003 que o governo
americano, convocou uma conferência em Washington dedicada ao futuro
da Síria, da qual participaram personalidades e representantes de
partidos políticos sírios que atuavam nos EUA. Foi confiada a
tarefa, a estes opositores, de buscar alianças com os seus pares,
opositores Sírios na Europa e na Síria. Começa aí o financiamento
da Oposição Síria. (L’expresso,pg.78e79,5 febbraio 2004, di Dina
Nascetti)
Em 2003, a Síria vivia o início de sua abertura
política e econômica, que resultaram no afrouxamento da vigilância
de suas fronteiras, por onde as armas financiadas pelos EUA, CCG e
OTAN com os seus aliados no Líbano e na Turquia, tornaram real a
posse de armas e a luta armada.
A “Primavera Árabe” teve início em janeiro
de 2011 na Tunísia, inspira o Egito, e se estende para a Líbia e
atinge a Síria.....Em menos de três meses se espalha pela porção
mundo árabe não alinhada aos EUA, mas – Pasmem! - não consegue
contagiar a Arábia Saudita, a Mãe de todas as ditaduras do Mundo
Árabe, onde, apenas para citar um exemplo, as mulheres não podem
dirigir um automóvel ... O fato da primavera árabe não contagiar
a Arábia Saudita é um grande indício (porém não o único) de ter
sido um movimento fabricado por Países do Ocidente. Mas para
encobrir o que?
A Criação do Estado da Palestina
Foi no dia 1 de dezembro de 2010 que o Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, declarou a necessidade da Criação do
Estado da Palestina com as fronteiras, anteriores a 1967.
Esta declaração do Brasil, que foi o primeiro
país a dar o seu apoio á criação do Estado da Palestina foi
seguida por outros 140 países,; e que fora referendada em 23 de
setembro de 2011, quando a Presidente Dilma Russef, fez o seu
histórico pronunciamento, da primeira presidente mulher a usar o
pódium da Assembleia Geral da ONU.
A Campanha pelo Estado da Palestina Já , estava
sendo articulada pela diplomacia do Presidente Abbas.
Esta ação
afirmativa da Autoridade Nacional Palestina, não interessa a
Israel, e não interessando a Israel, não Interessa aos EUA; e não
interessando aos EUA, não interessa à OTAN... e logo também aos
seus aliados no Golfo...
Com a “Primavera árabe” mudaram o foco do
mundo...
O foco saiu do Estado de Israel, país
antidemocrático, de governo não-laico, segregador, preconceituoso e
racista, opressor e usurpador das terras Palestinas e a quem não
interessa a criação do Estado Palestino.
O novo foco de atenção do mundo foi dirigido
aos países árabes não alinhados com Washington, que sempre
denunciaram a política de dois pesos e duas medidas que o Ocidente
Norte Americano e seus aliados empregam na sua relação com o Estado
de Israel e o povo Palestinos.
Uma Primavera que nunca existiu , pois, desde o
início foi estimulada e monitorada....No Egito pela infiltração da
Cia junto à Fraternidade Muçulmana ( que foi convidada a Washington
e recebida na Casa Branca em 5 de abril de 2012; na Líbia
orquestrada por Sarkozy desde outubro de 2010; e na Síria como vimos
acima, com suas sementes remontando a 2003 e à invasão americana ao
Iraque.
Vamos aguardar os acontecimentos, mas queremos
crer que o mundo não é mais o mesmo desde o veto da China e da
Rússia em 4 de fevereiro de 2012 no Conselho de Segurança da ONU.
Fica registrada aqui a nossa indignação, com
todos aqueles que acreditam que podem substituir, o
desenvolvimento, o fomento à criação, a produção e ao bem
estar e a felicidade dos povos ; pela guerra, e assim destruir a
soberania e a dignidade das nações .
Os últimos quarenta anos da Síria puderam criar
um grande bem estar, progresso, educação, saúde e moradia para a
maioria da população Síria. Faltava muito... Sim, sempre falta em
todos os países do planeta, mas não vai ser através dos ”
Senhores da Guerra” e da destruição que iremos implantar o bem
estar e a paz.
A receita dos “Senhores da Guerra”, invadir
para proteger, levaram o Iraque a retroceder 40 anos. A ação na
Líbia resultou na morte de 140mil cidadãos e conduziu a um
retrocesso de outros quarenta anos.
Não podemos permitir que esta tragédia também
seja o destino da Síria.
Sim ao Dialogo Nacional! Sim à deposição de
armas! Que todas as responsabilidades sejam apuradas.
A tragédia de 10 de maio de 2012 não poderá
ficar impune!
Claude Fahd Hajjar,
São Paulo,11 de maio de
2012
Psicóloga,
psicoterapeuta e
pesquisadora
de temas Árabes
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